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Batata

Jul 27, 2023

Romolo Tavani

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Nódulos de manganês, também conhecidos como nódulos polimetálicos, podem ser encontrados em todos os oceanos da Terra. Eles vêm em tamanhos que variam de uma batata a uma alface e são compostos principalmente de óxidos de ferro e manganês.

Grandes concentrações destas “batatas do mar” podem ser encontradas nos oceanos Pacífico e Índico, em profundidades de até 6.500 metros (21.300 pés).

Os nódulos são considerados os depósitos metálicos mais importantes do mar, devido ao seu alto teor de ferro, titânio, cobre, níquel e cobalto – elementos importantes para a produção de motores, computadores, smartphones e baterias. Isto atraiu o interesse das indústrias electrónica e siderúrgica, em particular, como potenciais novas fontes de metais para satisfazer a procura crescente.

AWI/OFOS

As empresas de mineração em águas profundas descobriram que podem coletar os nódulos usando uma máquina hidráulica semelhante a uma colheitadeira de batatas. Recentemente, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) emitiu licenças e celebrou contratos com 19 empresas da China, França, Alemanha, Índia, Japão, Rússia e Coreia do Sul, para explorar a mineração dos nódulos.

No entanto, um novo estudo publicado na Scientific Reports mostra que a possível mineração industrial dos nódulos, que pode levar até três milhões de anos para se formar, poderia não só ter um impacto significativo no ecossistema oceânico, mas também colocar em risco a saúde dos mineiros, processadores e até mesmo usuários finais devido aos altos níveis de radioatividade dos nódulos.

A pesquisa mostra que, à medida que crescem, os nódulos acumulam altos níveis de radioisótopos de urânio, que emitem grandes quantidades de radiação alfa à medida que se decompõem. Embora a exposição externa à radiação alfa não seja tão perigosa quanto a exposição a algumas outras formas de radiação, os pesquisadores sugerem que o processamento de nódulos pode levar à inalação de poeira de nódulos, ou 'finos', e gás radônio, bem como à exposição a altas concentrações de outras substâncias radioativas.

Em um comunicado à imprensa, Jessica B. Volz, Ph.D., primeira autora do estudo e biogeoquímica do Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha do Instituto Alfred Wegener (AWI) em Bremerhaven, Alemanha, explicou que a equipe se concentrou em duas substâncias radioativas específicas, o tório-230 e o rádio-226. Estes foram encontrados em nódulos recuperados de expedições realizadas na zona Clarion Clipperton, no Oceano Pacífico, entre o Havaí e o México.

“Com base em estudos anteriores, já se sabia que a camada externa dos nódulos contém substâncias radioativas naturais como o tório-230 e o rádio-226, que se acumularam na superfície do nódulo a partir da água do mar durante longos períodos de tempo. No entanto, os seus valores nunca foram considerados no contexto da legislação de proteção radiológica”, explicou.

“Nosso estudo mostra que na camada externa desses nódulos de crescimento extremamente lento, certas substâncias, que emitem radiação alfa, podem exceder os limites encontrados na legislação de proteção radiológica em cem a mil vezes”, acrescentou Volz.

Medições repetidas da camada externa dos nódulos mostraram mais de 5 becquerels por grama (uma quantidade de material radioativo em que um núcleo decai por segundo) de rádio-226. Isto contrasta com o limite alemão de 0,01 becquerels por grama fornecido pela Portaria Alemã de Proteção contra Radiação.

Sabine Kasten, Ph.D., uma das autoras do estudo e pesquisadora do Centro Helmholtz, explicou que a pesquisa se concentrou em como a mineração em alto mar poderia influenciar os ecossistemas do Oceano Pacífico.

“O nosso novo estudo sobre a radioactividade dos nódulos de manganês demonstra que, para além das consequências para os ecossistemas marinhos, pode haver riscos para a saúde humana relacionados com a extracção e processamento de nódulos de manganês, e a utilização de produtos fabricados com base neles. É fundamental que esse aspecto seja considerado em todo planejamento futuro”, afirmou.